Perturbação da fala que se caracteriza pela repetição iterativa de fonemas e pela parada da emissão por bloqueio, com sincinesias motrizes -- que são esforços excessivos e contrações coordenadas involuntárias -- a gagueira origina-se de uma desorganização dos movimentos sinérgicos de fonação e pode aparecer de maneira súbita, em consequência de um choque emocional. Costuma instalar-se no indivíduo por volta dos seis anos de idade e coincide com o início da escolaridade primária. Às vezes registra-se a chamada gagueira clínica transitória, por volta dos três anos, que pode desaparecer em algumas semanas, e corresponde ao estágio de aquisição do controle da organização do discurso.
A causa da gagueira é controvertida. Há quem a considere como decorrente de um estado neurológico anormal; outros a consideram de origem puramente psicogênica, baseados na possibilidade de seu aparecimento brusco e tardio em indivíduos até então perfeitamente normais. Esses casos ocorrem em geral em portadores de alguma anomalia discreta da fala na primeira infância. Outra teoria dá como causa possível a existência de alguma anomalia auditiva, como por exemplo quando os dois ouvidos não têm o mesmo nível de audição, o que resulta numa defasagem nas sensações acústicas. Para outros, a gagueira parece decorrer essencialmente de uma perturbação da linguagem, por aparecer muitas vezes em indivíduos que apresentaram retardamento da fala.
Conclui-se que a gagueira é uma perturbação complexa, na qual há certamente uma participação psíquica, mas que se concretiza sob forma de perturbação da fala precisamente devido a uma fragilidade linguística pré-existente.